sábado, 30 de outubro de 2010

sexta-feira, 22 de outubro de 2010



Crystal Palace - Palácio de Cristal


No início da Revolução Industrial, a Inglaterra, buscando afirmar a soberania e superioridade de sua engenharia e de sua indústria, organizava a Exposição Internacional da Indústria, do Comércio e das Artes, a primeira exposição mundial realizada. Em 1850, o Príncipe Albert, marido da Rainha Vitória, criou uma comissão real que projetaria e organizaria a exibição, começando pela construção do local do evento.

A comissão formada por engenheiros e arquitetos, como Charles Barry (arquitetos das casas do Parlamento), Robert Stephenson e Kingdom Brunel, logo começou a receber muitos projetos e idéias, que foram severamente criticados e, em seguida, descartados. Frente à urgência do empreendimento, a própria comissão decidiu desenvolver um projeto, liderado por Isambard Brunel. Muitas críticas também foram feitas, principalmente devido à sua grandiosiade e o mesmo foi cancelado.

Neste momento surgiu Joseph Paxton, um arquiteto e paisagista bastante conhecido pelos seus jardins realizados para o Duque de Devonshire em sua propriedade de Chatsworth.

Construtor prático e sempre procurando desenvolver novos sistemas estruturais mais leves e econômicos para coberturas de suas estufas, Paxton observou experiências realizadas na Inglaterra com sementes de um nenúfar gigante. Em estufas, conseguiu-se germinar essas sementes, cuja flor recebeu o nome de Vitória-régia, em homenagem à Rainha Vitória.

A estrutura desta planta, quando Paxton colocou sobre a mesma sua filha de 8 anos, revelou grande resistência, despertando seu interesse (vide foto ilustrativa ao lado).

Foi baseado nesta estrutura que Paxton desenvolveu um projeto para a grande edificação que abrigaria a exposição, assegurando sua funcionalidade garantida através de um modelo criado por ele mesmo em 1849 para uma estufa em Chatsworth.

A comissão, preocupada devido ao curto prazo para a inauguração da exposição, não teve outra alternativa senão aceitar a proposta e Paxton teria apenas duas semanas para apresentar o projeto final.

"Vou para casa e em 9 dias trarei meu projeto completo" – observou Paxton à comissão. Antes, porém, passou pelo local da implantação de seu projeto para assim verificar a possibilidade da realização de uma estrutura de rápida execução, sem o uso de qualquer tipo de argamassa e pronto para a ocupação. Projeto este no qual utilizaria a estrutura da vitória-régia como base para o projeto da cobertura da edificação.

Assim como na folha da vitória-régia (estrutura da vitória régia), um conjunto de nervuras transversais apoiava-se em grandes vigas longitudinais, suportadas por fileiras de pilares, que tinham a mesma função que a água desempenha na folha, resistir aos esforços verticais trazidos pelas nervuras. O travamento da estrutura, bastante necessário devido à sua altura e esbeltez, era feito através de barras de contraventamento colocadas em forma de "X" em intervalos determinados de pilares. Logo, as vigas seriam na estrutura as nervuras das folhas nas regiões em que se encontram praticamente paralelas. Os pilares, assim como as vigas, seriam de ferro fundido e as paredes de vidro facilitando a execução do projeto.

As colunas de ferro, ocas, também funcionavam como saída da água que as nervuras e vigas, simultaneamente funcionando como calhas, recolhiam. Também foram colocadas vigas de madeira no interior do palácio, com o intuito de receber a água que condensava sobre vidro no lado interior.

Com o auxílio de equipamentos e força animal os pilares e vigas eram, erguidos e deitadas respectivamente, com extrema facilidade e velocidade (vide figura ao lado). Após a olocação da estrutura básica, pilares e vigas, a vedação vertical do palácio foi feita através da colocação de placasde vidro, as quais não desempanhavam qualquer tipo de função estrutural ou suporte, apenas de vedação.

Os arcos do transepto, que foram colocados buscando permitir a permanência de grandes e altas árvores existentes no parque, transformavam aquele enorme cubo de vidro em uma elegante construção e eram feitos de madeira. Após sua montagem no solo e sua instalação nos transepto, eram envidraçados por mais de 80 homens, que fixavam 330000 placas de vidro.

As críticas tornaram-se freqüentes e muitas eram decorrentes da dúvida na resistência da estrutura frente a fortes rajadas de vento, ou mesmo a grandes tempestades. Porém nada realmente ocorreu e no dia 1º de maio de 1851 ocorreu a exposição, que foi inaugurada revelando se um grande triunfo inglês.

Duas vezes maior que a catedral de São Paulo, em Londres, o Palácio de Cristal ocupava 19 acres do Hyde Park. O projeto, que necessitou aproximadamente 4500 t. de ferro fundido e forjado, 600000 de pés cúbicos de madeira de construção e 300 mil placas de vidro, teve assim uma construção de rara agilidade, já que se passaram pouco mais de 12 meses, entre a elaboração do projeto por Joseph Paxton e a inauguração pela Rainha Vitória.

O Palácio de Cristal e a Pré-fabricação

A construção do palácio de Cristal projetado por Joseph Paxton trouxe para o mundo um novo conceito no que se refere a construção civil: a pré-fabricação.

Até então todos os tipos de construção utilizavam a execução de todas as peças, como pilares, vigas lajes, entre outros, era realizada " in loco". Esse tipo de construção despende bastante tempo de preparação, execução e conclusão e tempo era justamente o que Paxton não dispunha para a construção de seu palácio.

Frente a esta situação, Paxton optou por um método construtivo inovador para a época. Neste método as peças seriam produzidas previamente e, reunidas no local de implantação do projeto, seriam montadas de forma rápida e com auxílio de pouca mão-de-obra. Assim vigas, pilares, placas de vidro e outras peças seriam pré-fabricadas nas mais diversas regiões utilizando toda a capacidade produtiva da Inglaterra e, padronizadas, constituiriam todas as peças de um grande quebra-cabeça, que montado posteriormente formaria o Palácio de Cristal de Joseph Paxton.O mesmo quebra-cabeça ainda poderia ser desmontado e re-montado em outro lugar, outra característicado projeto.

Desta forma foi introduzido no mundo o conceito da pré-fabricação que, aliada a bons projetos e uma completa padronização, tornou-se mais tarde uma tendência mundial.



bibliografia: http://www.lmc.ep.usp.br/people/hlinde/estruturas/cristal.htm